Há quanto tempo você não sente a emoção de um show de verdade, com a plateia cheia? (na foto, uma pessoa sozinha assiste sentada no sofá a uma live transmitida de um estádio vazio, onde está apenas a banda, isso foi comum em 2020)
(Parte 1 de uma série de várias partes)
Vivemos uma vida dupla, civilizada nos assuntos científicos e técnicos, selvagem e primitiva nas coisas da alma. O fato de não termos mais consciência de sermos primitivos torna nossa selvageria domesticada ainda mais perigosa.
(Hans Von Hentig)
A ordem natural está se desfazendo. Pragas, inundações, secas, agitação política, motins e crises econômicas atacam uma após a outra, antes que a sociedade tenha se recuperado da última. Rachaduras se espalham na casca de normalidade que envolve a vida humana. Sociedades enfrentaram tais circunstâncias repetidamente ao longo da história, assim como nós as enfrentamos hoje.
Gostaríamos de pensar que estamos respondendo de forma mais racional e eficaz do que nossos antepassados não científicos; em vez disso, encenamos dramas e superstições sociais ancestrais vestidos com os trajes da mitologia moderna. Não é de se admirar, porque a crise mais séria que enfrentamos não é nova.
Nenhum dos problemas que a humanidade enfrenta hoje é tecnicamente difícil de resolver. Métodos holísticos de cultivo podem curar solo e água, sequestrar carbono, aumentar a biodiversidade, e de fato aumentar a produção para resolver rapidamente várias crises ecológicas e humanitárias. A simples declaração de uma moratória à pesca em metade dos oceanos do mundo também os curaria. O uso sistêmico de modalidades de cura naturais e alternativas poderia reduzir enormemente a mortalidade relacionada à Covid, e reverter as (objetivamente mais sérias) pragas da autoimunidade, alergias e vícios. Novos arranjos econômicos poderiam facilmente erradicar a pobreza. No entanto, o que todas essas soluções fáceis têm em comum é que exigem acordo entre seres humanos. Quase não há limite para o que uma sociedade unificada e coerente pode alcançar. É por isso que a crise global do nosso tempo – mais séria do que o colapso ecológico, mais séria do que o colapso econômico, mais séria do que a pandemia – é a polarização e a fragmentação da sociedade civil. Com coerência, tudo é possível. Sem ela, nada é.
Nota do Cabeça Livre:
Esse texto não é de minha autoria, eu apenas o traduzi. Não tenho certeza se polarização é algo ruim. Se você parar pra pensar, o contrário de uma sociedade polarizada – em que várias pessoas têm diversas opiniões sobre vários assuntos – seria uma sociedade em que todo mundo pensa igual – será que isso é mesmo bom? Ou desejável?
Posso não concordar com literalmente tudo que traz o texto, mas concordo com quase tudo e com sua ideia geral, e acho a reflexão que ele traz bastante válida. Por isso, mantive a tradução fiel ao texto original.
O falecido historiador e filósofo René Girard acreditava que isto sempre foi verdade: desde os tempos pré-históricos, a maior ameaça à sociedade tem sido a quebra da coesão. O teólogo S. Mark Heim apresenta com elegância a teoria de Girard:
Particularmente em sua infância, a vida social é um ramo frágil, fatalmente sujeito às pragas da rivalidade e da vingança. Na ausência de lei ou governo, ciclos crescentes de retaliação são a doença social original. Sem encontrar uma maneira de tratá-la, a sociedade humana dificilmente pode começar.
O remédio histórico não é muito inspirador. Heim continua:
Os meios para quebrar esse ciclo vicioso aparecem como que por milagre. Em algum ponto, quando a rixa ameaça dissolver uma comunidade, a violência espontânea e irracional da multidão irrompe contra alguma pessoa ou minoria distinta no grupo. Eles são acusados dos piores crimes que o grupo pode imaginar, crimes que, por sua enormidade, podem ter causado a terrível situação que a comunidade agora vive. Eles são linchados.
O triste lado bom dessa coisa ruim é que ela realmente funciona. Na sequência do assassinato, comunidades descobrem que essa guerra repentina de todos contra um as livrou da guerra de cada um contra todos. O sacrifício de uma pessoa como bode expiatório cancela os atos de retribuição pendentes. Isso “limpa o ar”. A paz repentina confirma as acusações desesperadas de que a vítima estava por trás da crise, para começar. Se a morte do bode expiatório foi a solução, o bode expiatório deve ter sido a causa. A morte tem efeito tão reconciliador, que parece que a vítima possui de fato um poder sobrenatural. Assim, a vítima se torna um criminoso, um deus, ou ambos, memorizados no mito.
O acúmulo gradual de violência recíproca e anarquia que precede essa resolução foi descrito por Girard em sua obra-prima, A Violência e o Sagrado, como uma “crise sacrificial”. Divisões rasgam a sociedade, a violência e a vingança se intensificam, as pessoas ignoram as restrições e morais usuais, e a ordem social se dissolve no caos. Isso culmina em uma transição da violência recíproca para a violência unânime: a multidão seleciona uma vítima (ou classe de vítimas) para o massacre e, nesse ato de acordo universal, restaura a ordem social.
A Idade da Razão não erradicou esse profundo padrão de violência redentora. A razão serve apenas para racionalizá-la; a indústria a leva à escala industrial, e a alta tecnologia ameaça elevá-la a novas alturas. À medida que a sociedade se tornou mais complexa, o mesmo aconteceu com as variações do tema da violência redentora. No entanto, o padrão pode ser quebrado. O primeiro passo para fazer isso é vê-lo como realmente é.
O festival (e sua morte)
Para que as crises de sacrifício não precisassem se repetir, surgiu uma instituição que é quase universal em todas as sociedades humanas: o festival. Girard se baseia amplamente na etnografia, no mito e na literatura para argumentar que os festivais se originaram como reconstituições rituais da quebra da ordem e sua subsequente restauração por meio da unanimidade violenta.
Um verdadeiro festival não é uma atividade mansa. É uma suspensão de regras, costumes, estruturas e distinções sociais normais. Girard explica:
Tais violações [de normas legais, sociais e sexuais] devem ser vistas em seu contexto mais amplo: o da eliminação geral das diferenças. Hierarquias familiares e sociais são temporariamente suprimidas ou invertidas; os filhos não mais respeitam seus pais, os servos seus senhores, os vassalos seus suseranos. Essa ideia se reflete na estética do feriado – a exibição de cores conflitantes, o desfile de figuras de travestis, as palhaçadas de musculosos “tolos”. Durante o festival, atos não naturais e comportamentos escandalosos são permitidos, até mesmo incentivados.
Como seria de se esperar, essa destruição de diferenças costuma ser acompanhada de violência e discussões. Subordinados lançam insultos a seus superiores; várias facções sociais trocam zombarias e abusos. As disputas crescem em meio à desordem. Em muitos casos, o motivo da rivalidade aparece sob a forma de uma competição, jogo ou evento esportivo que assumiu um aspecto quase ritualístico. O trabalho é suspenso, e os celebrantes se entregam à folia da bebedeira e ao consumo de toda a comida acumulada ao longo de muitos meses.
Festivais desse tipo servem para cimentar a coerência social e lembrar à sociedade da catástrofe que está à espreita caso essa coerência falte. Vestígios tênues deles permanecem até hoje, por exemplo, no vandalismo das torcidas organizadas no futebol, carnavais de rua, festivais de música, e na frase de Halloween “doce ou travessura”.
A “travessura” é uma relíquia da reviravolta temporária da ordem social estabelecida. O estudioso druídico Philip Carr-Gomm descreve o Samhuinn, o precursor celta do Halloween, assim:
O Samhuinn, de 31 de outubro a 2 de novembro, era um tempo de não-tempo. A sociedade celta, como todas as sociedades primitivas, era altamente estruturada e organizada, todos conheciam seu lugar. Mas para permitir que essa ordem fosse psicologicamente confortável, os celtas sabiam que deveria haver um momento em que a ordem e a estrutura fossem abolidas, em que o caos pudesse reinar. E o Samhuinn era um desses momentos. O tempo era abolido nos três dias desse festival e as pessoas faziam loucuras, homens vestidos de mulher e mulheres de homem. Os portões dos fazendeiros eram derrubados e deixados em valas, os cavalos das pessoas eram movidos para campos diferentes…
Nas sociedades modernas “desenvolvidas” de hoje, nem o Halloween, nem qualquer outro feriado ou evento culturalmente sancionado permite esse nível de anarquia. Nossos feriados foram totalmente domesticados. Isso não é um bom presságio. Girard escreve:
A fachada jubilosa e pacífica do festival desritualizado, despojado de qualquer referência a uma vítima substituta e seus poderes unificadores, repousa na estrutura de uma crise sacrificial acompanhada de violência recíproca. É por isso que genuínos artistas ainda podem sentir que a tragédia se esconde em algum lugar por trás dos festivais insossos, do utopismo de mau gosto da “sociedade do lazer”. Quanto mais triviais, vulgares e banais se tornam os feriados, mais agudamente se percebe a aproximação de algo estranho e assustador.
Essa última frase soa como um mau pressentimento. Por décadas, olhei para os festivais degenerados da minha cultura com um alarme que não conseguia identificar. Enquanto o All Hallows Eve se transformava em uma brincadeira infantil minuciosamente supervisionada das 18 às 20 horas, enquanto os Ritos da Ressurreição se transformavam no coelhinho da Páscoa e nas jujubas, e o Yule em uma orgia de consumo, percebi que estávamos nos sufocando em uma caixa de coisas mundanas, uma domesticidade totalizante que se esforçou para manter uma ordem cada vez mais estreita, excluindo completamente a natureza selvagem. O resultado, pensei, só poderia ser uma explosão.
Não é só que os festivais sejam necessários para extravasar. Eles são necessários para nos lembrar da artificialidade e fragilidade da ordenação humana do mundo, para que não fiquemos loucos dentro dele.
A insanidade em massa vem da negação do que todos sabem que é verdade. Todo ser humano sabe, ainda que inconscientemente, que não somos os papéis e personagens que ocupamos no drama cultural da vida. Sabemos que as regras da sociedade são arbitrárias, estabelecidas de modo que o show possa ser encenado até o fim. Não é loucura entrar neste show, atuar. Como um ator em um filme, podemos desempenhar com devoção nossos papéis na vida. Mas quando o ator esquece que está atuando e se perde tão completamente em seu papel que não consegue sair disso, confundindo o filme com a realidade, isso é psicose. Sem trégua das convenções da ordem social e sem trégua dos nossos papéis dentro dela, enlouquecemos também.
Não deveríamos estar surpresos que as sociedades ocidentais estejam mostrando sinais de psicose em massa. Os vestígios de festivais que permanecem até hoje – os feriados citados, junto com os cruzeiros e as festas e os bares – estão contidos no espetáculo e não existem fora dele. Quanto ao Burning Man e aos festivais de música e arte transformacionais, estes exerceram parte da função autêntica do festival – até recentemente, quando seu exílio para as plataformas online os privou de qualquer possibilidade transcendental. Por mais que os organizadores estejam fazendo o possível para manter viva a ideia do festival, os festivais online correm o risco de se tornar apenas mais um show para consumo. Você clica neles, se senta e assiste. Os festivais presenciais são diferentes. Eles começam com uma jornada, então você deve passar por uma provação (esperando na fila por horas). Finalmente você chega ao templo de entrada (a cabine de registro), onde um pequeno ritual de adivinhação (conferir a lista) é realizado para determinar sua aptidão para comparecer (por ter feito o sacrifício apropriado – um pagamento – antecipadamente). Em seguida, o sacerdote ou sacerdotisa na cabine confere ao celebrante um talismã especial para usar ao redor do pulso o tempo todo. Depois de tudo isso, a mente subconsciente entende que a pessoa entrou em um reino separado, onde de fato, pelo menos até certo ponto, as distinções, relações e regras normais não se aplicam. Eventos online de qualquer tipo repousam na segurança de casa. Seja qual for o conteúdo, o corpo o reconhece como um show.
De modo mais geral, com os lockdowns, o confinamento das pessoas dentro do ambiente altamente controlado da Internet está deixando-as loucas. Por “controlado” não me refiro aqui à censura, mas sim à experiência física de estar sentado observando representações do real, ausentes de qualquer dimensão tátil ou cinética. Online não tem risco. Claro, alguém pode ferir seus sentimentos, arruinar sua reputação ou roubar o número do seu cartão de crédito, mas todos esses eventos operam dentro do drama cultural. Não são da mesma ordem de cruzar um riacho em pedras escorregadias, ou andar no calor, ou martelar um prego. Como a realidade convencional é artificial, o ser humano precisa de uma conexão regular com uma realidade não convencional para permanecer são. Essa fome de experiências reais, não programadas, selvagens – comida de verdade para a alma – se intensificam sob a dieta moderna de feriados enlatados, aventuras online, exercícios em sala de aula, atividades de lazer seguras, e escolhas do consumidor.
Na ausência de festivais autênticos, a necessidade reprimida irrompe em quase-festivais espontâneos que seguem o padrão girardiano. Um nome para tal festival é motim. Em um motim, como em um festival autêntico, as normas de conduta prevalecentes são derrubadas. Limites e tabus em torno da propriedade privada, invasão, uso de ruas e espaços públicos, etc. se dissolvem durante o “festival”. Essa encenação da desintegração social culmina seja em violência genuína da multidão ou em algum tipo de pseudo-violência catártica (que pode facilmente transbordar para a realidade). Um exemplo é derrubar estátuas, um franco ritual que substitui a ação simbólica pela ação real, mesmo em nome de “agir”. Sim, eu entendo seu racional (em torno de desmantelar narrativas que envolvem símbolos da “supremacia branca” e assim por diante), mas sua função principal é como um ato unificador de violência simbólica. No entanto, essa liberação catártica de tensões sociais pouco faz para mudar as condições profundas que deram origem a essas tensões em primeiro lugar. Assim, isso ajuda, na verdade, a mantê-las.
Tomei consciência da dimensão festiva dos motins enquanto ensinava em uma universidade no início dos anos 2000. Alguns dos meus alunos participaram de um motim após a vitória do time da casa no basquete. Começou como uma celebração, mas logo estavam quebrando janelas, roubando placas de rua, removendo portões de fazendeiros de suas dobradiças e violando a ordem social. Essas violações também assumiram uma dimensão criativa reminiscente dos carnavais de rua. Um aluno contou como fez um gigantesco “dedo do meio” com espuma e desfilou pela cidade. “Foi o momento mais divertido que já tive em toda a minha vida”, ele disse. Mais do que qualquer feriado contido e neutro, este era um festival autêntico desejando nascer. E não era seguro. Pessoas foram acidentalmente feridas. Um verdadeiro festival é um negócio sério. Leis e costumes normais, morais e convenções, não o governam. Ele pode evoluir por conta própria, mas se origina organicamente, não imposto por autoridades da ordem normal, convencional; caso contrário, não é um festival de verdade. Um festival de verdade é essencialmente um motim ritualizado, repetido, que desenvolveu sua própria linguagem padrão.
Quanto mais trancada, policiada e regulada for uma sociedade, menos tolerância haverá para qualquer coisa fora da sua ordem. No final, resta apenas um micro-festival – a piada. Não levar as coisas tão a sério é ficar fora da realidade delas; é afirmar por um momento que isso não é tão real quanto o estamos fazendo, há algo fora disso. Há verdade em uma piada, a mesma verdade que há em um festival. É uma trégua do total aprisionamento da realidade convencional. É por isso que os movimentos totalitários são tão hostis ao humor, com a única exceção do tipo que degrada e zomba dos seus oponentes. (O humor zombeteiro, assim como o humor racista, é de fato um instrumento de desumanização na preparação para o bode expiatório.) Na Rússia Soviética, alguém poderia ser enviado ao Gulag por contar a piada errada; naquele país, também eram as piadas que mantinham as pessoas sãs. O humor pode ser profundamente subversivo – não apenas por fazer as autoridades parecerem ridículas, mas também por tornar leve a realidade que elas tentam impor.
Porque mina a realidade convencional, o humor também é uma oferta primária de paz. Diz: “Não vamos levar nossa oposição tão a sério”. Isso não quer dizer que devemos fazer chacota o tempo todo, usando o humor para aparentar intimidade e nos distrair dos papéis que concordamos em desempenhar no drama da experiência social humana, tampouco que a vida deveria ser um festival sem fim. Mas porque o humor atua como uma espécie de microfestival para nos amarrar a uma realidade transcendente, uma sociedade de bom humor provavelmente será uma sociedade saudável que não precisa se inclinar para a violência sacrificial. E uma sociedade que tenta confinar suas piadas dentro de limites politicamente corretos enfrenta as mesmas perspectivas “estranhas e aterrorizantes” de uma sociedade que domesticou seus festivais. A falta de humor é um sinal de que uma crise sacrificial está a caminho.
A perda de sanidade que resulta do confinamento na irrealidade é em si uma crise sacrifical girardiana, cuja característica essencial é a violência mútua. Pode-se pensar que, com feridas, mas poucos sentimentos em jogo, as interações online seriam menos conflituosas do que as interações pessoais. Mas é claro que é o contrário. Uma maneira de entender isso é que, na ausência de uma perspectiva transcendental fora do reino ordenado e convencional da “vida”, coisas triviais se avolumam e começamos a levar a vida muito a sério. Isso não é negar a substância de nossas divergências, mas será que realmente precisamos ir à guerra por causa delas? Será que o outro lado, cujas deficiências culpamos por nossos problemas, é realmente tão terrível? Como Girard observa, “as mesmas criaturas que estão com as mãos nas gargantas umas das outras durante uma crise de sacrifício são totalmente capazes de coexistir, antes e depois da crise, na relativa harmonia de uma ordem ritualística.”
Examinando o território das mídias sociais, fica claro que estamos de fato com as mãos nas gargantas uns dos outros, e não há garantia de que isso permanecerá sendo uma mera figura de linguagem à medida que algo estranho e assustador se aproxima.
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Autor: Charles Eisenstein
Charles Eisenstein é palestrante, ativista e escritor focado nos temas da civilização, consciência, dinheiro e evolução cultural. Formado em Matemática e Filosofia na Universidade de Yale em 1989. Autor dos livros Sacred Economics (Economia Sagrada), Ascent of Humanity (Ascensão da Humanidade) e The More Beautiful World Our Heart Know Is Possible (O Mundo Mais Bonito Que Nosso Coração Sabe Ser Possível). Charles hoje mora na Pennsylvania e escreve para o The Guardian, entre outros jornais e revistas.
Tradutor: Cabeça Livre
Esse texto é uma tradução do ensaio originalmente escrito por Charles Eisenstein em junho de 2021.
O texto original, em inglês, publicado sob a licença CC BY 4.0, pode ser conferido em: