Imagem obtida do Google.
Norman Doidge, que escreveu o prefácio do livro best-seller de Jordan Peterson, 12 Regras para a Vida, observa que a casa do autor apresenta uma coleção impressionante de pinturas antigas do Realismo Socialista. Há uma história por trás disso.
Sempre que visito a casa de um amigo ou conhecido, faço questão de observar duas coisas. Uma delas é a sua biblioteca.
É possível aprender muito sobre alguém simplesmente conferindo os livros nas suas prateleiras, descobri. Elas estão cheias de livros sobre como ganhar dinheiro ou de ficção científica? Os thrillers policiais são escritos por John Grisham e James Patterson ou Capote ou Mailer?
Às vezes, surgem padrões. Biografias de figuras inspiradoras tendem a ser acompanhadas por literatura de autoajuda. Se você encontra um romance de Ayn Rand, quase invariavelmente encontra algo escrito por Hayek ou sobre Ronald Reagan. Às vezes, é a aleatoriedade que impressiona. Diga-me, o que esses romances estão fazendo perto de Kierkegard? E por que Bukowski está com Chesterton e C.S. Lewis?
E se não tem livros? Bem, talvez isso diga alguma coisa também.
Alguns podem achar que isso é bisbilhotagem, mas os livros estão em exibição por um motivo. Eles dizem coisas sobre nós. O que me leva à segunda coisa que observo quando visito a casa de alguém: obras de arte.
Assim como os livros nas nossas prateleiras, a arte na nossa casa pode dizer muito sobre nós. É, mais uma vez, por isso que as pessoas a exibem – e sabe-se que pagam quantias extraordinárias de dinheiro para isso.
Arte que idolatra “o espírito soviético revolucionário”
Já estive em casas que exibiam obras de arte incomuns, incluindo uma casa decorada com peças com tema africano que muitos considerariam pornográficas. Mas não acredito que já tenha visto algo tão incomum e único quanto a arte na casa de Jordan Peterson.
Imagem obtida do Google.
Para esclarecer, eu nunca realmente visitei a casa de Peterson. Mas sua casa e suas obras de arte são descritas com algum detalhe por Norman Doidge, que escreveu o prefácio do best-seller de Peterson, 12 Regras para a Vida.
Doidge conheceu Peterson em 2004 em uma confraternização organizada por amigos em comum, um casal de imigrantes poloneses que atingiu a maioridade durante os dias do império soviético. Na época, Peterson era professor da Universidade de Toronto, e ele e Doidge – psiquiatra e psicanalista – logo se tornaram amigos. (Além de seus interesses científicos, parece que eles compartilhavam uma paixão pelos grandes livros, particularmente “romances russos comoventes”)
Doidge visitou Peterson mais de uma vez, e descreve a casa de Peterson como “a casa de classe média mais fascinante e impactante que eu já vira”. Entre as atrações estava uma coleção impressionante de obras de arte incomuns.
Eles tinham obras de arte, máscaras esculpidas e quadros abstratos, mas o que se sobressaía era uma coleção enorme de quadros realistas originais sobre socialismo retratando Lenin e os primeiros comunistas, comissionados pela URSS. […] Os quadros idolatrando o espírito soviético revolucionário preenchiam completamente todas as paredes, o teto e até os banheiros.
Imagem obtida do Google.
Livros e arte podem dizer muito sobre as pessoas, como eu disse, mas é preciso ter cuidado para não tirar conclusões erradas. O que nos leva a uma pergunta importante: por que a casa de Peterson foi coberta com obras de arte da era soviética?
Você pode achar que Peterson era um socialista. Mas esse não é o caso. Ou, talvez, você pode imaginar que Peterson começou a colecionar peças de propaganda soviética após a queda da União Soviética simplesmente como investimento. (Eu gostaria de ter tido a clarividência de comprar um monte de arte soviética vintage após a queda do império soviético; infelizmente, eu tinha apenas 12 anos). Talvez, mas isso não explicaria por que é exibida em toda a sua casa.
Felizmente, Doidge nos oferece uma resposta:
Os quadros não estavam lá por Jordan ter qualquer simpatia pelo totalitarismo, mas porque queria lembrar a si mesmo de algo que ele e todo mundo gostariam de esquecer: que centenas de milhões foram mortos em nome de uma utopia.
Os horrores do poder coletivo
É fácil esquecer que pessoas como Lenin, Stalin, Hitler, Pol Pot e Mao não eram realmente monstros. Eles eram simplesmente pessoas que fizeram coisas monstruosas em sua busca de construir utopias.
“Nossa política era proporcionar uma vida rica para as pessoas”, Pol Pot explicou certa vez em uma famosa entrevista de 1979 para o The Guardian. “Houve erros durante a sua condução.”
Foi a grande mentira que enfeitiçou tantos no século XX – a ideia de que um mundo perfeito poderia ser construído por meio do coletivismo e da coerção. E foi uma mentira que custou muitas vidas, e não apenas as dos demônios da história.
“Eu vi o futuro e ele funciona”, observou o jornalista investigativo norte-americano Lincoln Steffens após visitar a União Soviética de Stalin.
Parece absurdo pensar que alguém poderia esquecer que cem milhões de pessoas foram assassinadas em nome da utopia – até você perceber que muitos de nós esquecemos. Os horrores do poder coletivo parecem em grande parte uma memória distante, especialmente entre os intelectuais. Houve um tempo em que muitos gigantes intelectuais – Aldous Huxely, George Orwell e J.R.R. Tolkien, entre outros – viam o poder governamental concentrado como talvez a maior ameaça à humanidade.
“É provável que todos os governos do mundo sejam mais ou menos completamente totalitários antes mesmo do aproveitamento da energia atômica; que eles serão totalitários durante e após o aproveitamento parece quase certo”, observou Huxley não muito depois do fim da Segunda Guerra Mundial. “Somente um movimento popular em larga escala em direção à descentralização e autonomia pode conter a tendência atual rumo ao estatismo.”
Huxley não era maluco. Ele foi uma das mentes mais brilhantes do século XX. Mas qualquer intelectual que fizesse o mesmo alerta hoje provavelmente seria rejeitado por outros estudiosos como se fosse apenas isso, um maluco.
Muitos parecem felizes em esquecer a grande lição do século XX: a de que aqueles que buscam criar o paraíso na Terra por meio da coerção quase sempre criam o inferno. (Para parafrasear o escritor e psiquiatra francês François Lelord)
Crédito da imagem: Jordan Peterson no Facebook.
Jordan Peterson está determinado a não esquecer.
E todos faríamos bem em lembrar que uma sociedade saudável e próspera é construída por meio da paz, do comércio e da liberdade – e não da força do governo.
Queridos leitores,
As Big Techs limitam o alcance de publicações como essa e se recusam a exibir anúncios neste site, boicotando meu projeto de servir a vocês uma dieta constante de boas ideias. Ajude-me a lutar pela liberdade compartilhando essa publicação. Depois, junte-se a mim no debate nas redes sociais.
Autor: Jon Miltimore
Jonathan Miltimore é o editor-chefe da FEE.org. Seus escritos/reportagens tem sido tema de artigos na revista TIME, The Wall Street Journal, CNN, Forbes, Fox News e Star Tribune.
Ele assina textos nos seguintes meios de comunicação: Newsweek, The Washington Times, MSN.com, The Washington Examiner, The Daily Caller, The Federalist, Epoch Times.
Tradutor: Daniel Peterson
Esse texto é uma tradução da matéria originalmente escrita por Jon Miltimore em 25 de janeiro de 2021 para a Foundation for Economic Education (FEE, “Fundação para Educação Econômica”).
O texto original, em inglês, publicado sob a licença CC BY 4.0, pode ser conferido em: