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Por que os diplomas universitários estão perdendo valor?

A função de sinalização dos diplomas universitários pode ter sido distorcida pelo fenômeno conhecido como inflação de credenciais.

Crédito da imagem: AndreyPopov / iStock

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O conceito de inflação (a depreciação do poder de compra de uma moeda específica) se aplica a outros bens além do dinheiro. A inflação está relacionada à Lei da Oferta e Demanda. À medida que a oferta de uma commodity aumenta, o valor diminui. Inversamente, à medida que o bem se torna mais escasso, o valor aumenta. Esse mesmo conceito também se aplica a itens tangíveis, como figurinhas de beisebol antigas e arte rara. Essas são mercadorias raras que não podem ser replicadas de forma autêntica e, portanto, possuem um alto valor no mercado. Por outro lado, figurinhas de jogadores novatos produzidas em massa e réplicas de obras de Monet são abundantes. Como resultado, elas rendem pouco valor no mercado.

A inflação e o princípio oposto da deflação também podem ser aplicados a bens intangíveis. Quando olhamos para o mercado de trabalho, isso se torna bastante evidente. Os empregos que exigem habilidades raras ou excepcionais tendem a pagar salários mais altos. No entanto, também existem diferenciais compensatórios que surgem devido à natureza arriscada ou pouco atraente de empregos indesejáveis. Os salários mais altos se devem à falta de trabalhadores dispostos a aceitar o cargo, e não à posse das habilidades que estão em demanda.

A função de sinalização dos diplomas universitários

Ao longo das últimas décadas, o credenciamento do valor intangível do trabalho se tornou mais prevalente. As credenciais podem variar de diplomas universitários a certificações profissionais. Uma das formas mais comuns de credenciamento se tornou o diploma de uma graduação que dura 4 anos. Essa categoria de documentação de capital humano evoluiu para assumir uma função alternativa.

Exceto por algumas exceções notáveis, o diploma de bacharel serve como uma função de sinalização. Como argumenta Bryan Caplan, professor de Economia na Universidade George Mason, a função de um diploma universitário é principalmente sinalizar para os empregadores em potencial que um candidato a uma vaga de emprego tem as características desejáveis. Conseguir um diploma universitário é mais um processo de validação do que um processo de construção de habilidades. Os empregadores desejam trabalhadores que não sejam apenas inteligentes, mas também obedientes e pontuais. A premissa do modelo de sinalização parece ser validada pelo fato de muitos graduados não estarem utilizando seus diplomas. De fato, em 2013, nos Estados Unidos, apenas 27 por cento dos graduados tinham empregos relacionados ao curso em que se formaram.

Visto que o bacharelado desempenha uma função de sinalização significativa, houve aumentos substanciais no número de candidatos a emprego que possuem diploma de graduação. As taxas de retenção para instituições de 4 anos atingiram um recorde histórico de 81 por cento em 2017. Em 1940, 4,2 milhões de norte-americanos eram formados em faculdades de 4 anos. Hoje, 99,5 milhões de norte-americanos possuem um diploma de bacharel ou nível mais elevado. Esses números demonstram o aumento acentuado no número de norte-americanos obtendo diplomas universitários.

Hoje, quase 40 por cento de todos os norte-americanos possuem um diploma de 4 anos. Considerando o grande aumento na frequência e conclusão da faculdade, é justo questionar se o diploma universitário manteve seu “poder de compra” no mercado de trabalho. Muitas das evidências parecem sugerir que não.

O que é inflação de credenciais?

A função de sinalização dos diplomas universitários pode ter sido distorcida pelo fenômeno conhecido como inflação de credenciais. A inflação de credenciais nada mais é do que “[…] um aumento nas credenciais de educação exigidas para um emprego”.

Muitos empregos que antes exigiam não mais do que um diploma do ensino médio agora estão aceitando apenas candidatos com um diploma de bacharel. Essa mudança nas preferências de credencial entre os empregadores agora tornou o diploma de graduação de 4 anos o padrão mínimo não oficial para requisitos educacionais. Esse fato está materializado nas altas taxas de subemprego entre os graduados. Nos Estados Unidos, aproximadamente 41 por cento de todos os recém-formados estão trabalhando em empregos que não exigem um diploma universitário. É chocante quando você considera que, por lá, 17 por cento dos recepcionistas de hoteis e 23,5 por cento dos atendentes de parques de diversões possuem diplomas de graduação. Nenhum desses empregos exigia tradicionalmente um diploma universitário. Porém, devido a um mercado de trabalho competitivo, em que a maioria dos candidatos possui diplomas, muitos recém-formados não têm como se diferenciar de outros funcionários em potencial. Assim, muitos recém-formados não têm outra opção a não ser aceitar empregos de baixa remuneração.

O valor de um diploma universitário caiu devido ao grande aumento no número de trabalhadores que possuem diploma. Essa forma de depreciação imita o efeito de imprimir mais dinheiro. Seguindo a Lei da Oferta e Demanda, quanto maior a quantidade de uma mercadoria, menor o valor. As hordas de orientadores e pais incentivando os filhos a frequentar a faculdade certamente contribuíram para o problema. No entanto, as políticas públicas têm servido para aumentar ainda mais essa questão.

Vários tipos de programas de empréstimosbolsas de estudo do governooutros programas têm incentivado mais alunos a buscar diplomas universitários. As políticas que tornam a faculdade mais acessível – propostas de “faculdade gratuita”, por exemplo – também desvalorizam os diplomas. Mais pessoas frequentando a faculdade tornam os diplomas ainda mais comuns e ainda mais depreciados.

Claro, tudo isso não é para dizer que alunos brilhantes com aspirações de uma carreira nas áreas STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática) devem evitar a faculdade. Mas para o estudante médio, um diploma universitário pode muito bem ser um mau investimento e atrapalhar seu futuro.

Contrair grandes dívidas para trabalhar por um salário mínimo não é uma decisão sábia. Quando confrontados com políticas e pressões sociais que tornaram a faculdade a norma, os alunos deveriam reconhecer que um diploma universitário não é tudo. Se os alunos focassem mais em obter habilidades comercializáveis ​​do que em obter credenciais, eles poderiam encontrar uma forma de se destacar em um mercado de trabalho inundado de diplomas.

Autor: Peter Clark

Peter Clark é um blogueiro e defensor entusiasta da economia de livre mercado. Encontre seu trabalho no Medium.

Tradutor: Daniel Peterson

Esse texto é uma tradução da matéria originalmente escrita por Peter Clark em 19 de dezembro de 2021 para a Foundation for Economic Education (FEE, “Fundação para Educação Econômica”).

O texto original, em inglês, publicado sob a licença CC BY 4.0, pode ser conferido em:

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