Aceitar a existência de uma verdade única e absoluta contrasta com o relativismo da teoria pós-modernista que tanto influenciou a nossa sociedade contemporânea.
Nota do Cabeça Livre:
Todo ano, quando chega 11 de setembro, eu penso em escrever (ou traduzir) um texto sobre os conhecidos atentados terroristas que ocorreram em 2001.
Existe a versão oficial da história, que nos é apresentada por, dentre outras fontes, o estado e a grande mídia, que conta que terroristas sequestraram aviões e os fizeram colidir contra o World Trade Center, provocando incêndios e falhas nas estruturas dos prédios e, por fim, o seu desmoronamento.
Existem também versões alternativas (pra não chamá-las de “teorias da conspiração”), sendo a mais conhecida a de que o colapso estrutural do World Trade Center resultou, na verdade, de uma demolição controlada. Essa versão alternativa da história é bem documentada por, dentre outras fontes, o blog do libertário Iain Davis e o documentário Zeitgeist.
Como, no momento, eu não tenho opinião formada sobre o assunto, prefiro não publicar sobre ele. Mas, no meio das minhas leituras, me deparei com um texto que achei interessante, e decidi traduzir uma parte dele que reflete sobre um tema adjacente: talvez você já tenha ouvido alguém te dizer “o que é verdade pra você pode não ser verdade pra mim”, mas será que isso é mesmo possível?
É crucial que entendamos o que “verdade” significa. A definição do Dicionário Michaelis diz:
O que está de acordo com os fatos ou a realidade; […] Coisa, fato ou evento certo e verdadeiro […] Juízo (ou proposição) que não se pode negar e que é aceito como autêntico e verdadeiro
Esta é uma definição relativista de “verdade”. Algo pode ser verdadeiro se estiver de acordo com os fatos ou a realidade. No entanto, se aceitarmos a definição do dicionário, algo também pode ser considerado verdadeiro se for simplesmente uma crença aceita como verdadeira.
Portanto, se confiarmos na definição do dicionário, poderemos dizer que o relato oficial do 11 de setembro também não é verdadeiro porque uma maioria acredita que não é? Isso é aceitável? A crença de que algo é verdadeiro (ou não) é realmente suficiente para reivindicá-la como realidade?
Existe apenas uma verdade e ela é absoluta. A verdade não é uma questão de perspectiva. Uma cadeia de acontecimentos ocorreu, na realidade, no dia 11 de setembro de 2001. Essa realidade é imutável e podemos descobrir qual é estudando as evidências que revelarão os fatos. Não importa quais sejam as nossas opiniões, elas não mudarão essa realidade.
Aceitar a existência de uma verdade única e absoluta contrasta com o relativismo da teoria pós-modernista que tanto influenciou a nossa sociedade contemporânea. É extremamente comum ouvir pessoas falarem da verdade delas, alegarem que o que é verdadeiro para elas não é necessariamente verdadeiro para você.
Essa visão relativa da realidade (solipsismo) nega tanto a realidade quanto a verdade. Afirma que a verdade só existe onde quer que acreditemos, que definimos a verdade por meio da nossa percepção. Isso é uma loucura perigosa.
Se não existe uma verdade objetiva, então qual é o sentido de procurá-la? Isso nos permite acreditar no que quisermos e imaginar que é verdade, quer seja, quer não. Isso promove a apatia, proporcionando-nos a autojustificativa errônea para abandonar o pensamento crítico. Num estado tão psicologicamente danificado, podem nos dizer qualquer coisa e finalizar com um “acredite”.
A verdade pode ser deduzida (conhecida) por meio do raciocínio lógico aplicado às evidências. Se adotarmos essa abordagem à ideia de “verdade relativa”, podemos deduzir imediatamente que ela é falsa (errada).
“A verdade é relativa” é uma declaração alegada de fato absoluto e é, portanto, autocontraditória. Se a verdade fosse apenas uma questão de perspectiva, então a afirmação “a verdade não é relativa” também seria verdadeira. Essa contradição mutuamente exclusiva não pode existir na realidade.
A aparente contradição permite que duas verdades parciais opostas existam simultaneamente. Isso ocorre porque afirmações parcialmente verdadeiras podem coexistir. No entanto, o conhecimento rapidamente resolve que essas duas verdades parciais nunca podem ser a verdade completa em si mesmas.
O famoso meme do vestido que simultaneamente parecia azul e preto e branco e dourado permitia que duas verdades parciais opostas coexistissem. “Eu vejo azul e preto” e “eu vejo branco e dourado” eram ambos aparentemente verdadeiros, dependendo da sua perspectiva.
No entanto, nossas perspectivas relativas não permitiam que o vestido refletisse comprimentos de onda de luz opostos ao mesmo tempo. A verdade é que refletia comprimentos de onda fixos.
Nossas diferentes percepções vieram de nossas suposições sobre as condições de iluminação. Nossas mentes inferiram diferentes interpretações baseadas em assumirmos que o vestido estava iluminado por luz artificial, adicionando mentalmente um tom amarelo que removia a percepção de sombra vista por aqueles que assumiam que estava iluminado pelo sol.
A ilusão de branco e dourado foi criada pelas nossas suposições sobre as condições de iluminação, ela não alterou o modo como a luz realmente se comporta. Na verdade, o vestido era azul e preto. Essa é a verdade absoluta.
Aqueles que defendem a verdade relativa muitas vezes sugerem que a moralidade, em particular, não é absoluta. A maioria das pessoas aceita que é moralmente errado matar alguém. No entanto, também aceitamos que pode ser justificável matar alguém em legítima defesa. Isto “prova”, dizem os pós-modernistas, que a moralidade é relativa e que verdade moral absoluta não existe. Ao fazê-lo, negam as verdades morais parciais, que existem na realidade. Eles também rejeitam verdade moral completa, absoluta.
É parcialmente verdade que matar é errado, mas também é parcialmente verdade que matar é justificado se essa for a única forma de defender a sua vida ou as vidas dos seus familiares. A verdade absoluta é que é errado iniciar o uso de força letal. O agressor está sempre errado, não há ambiguidade moral, como alega o relativismo, e essa é a verdade absoluta.
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Autor: Iain Davis
Iain Davis é um escritor, jornalista e autor que mantém um blog em iaindavis.com e escreve para o UK Column, o Unlimited Hangout e outros. O trabalho de Iain aparece regularmente em vários meios de comunicação, incluindo OffGuardian, Lew Rockwell, Technocracy News & Trends e The Corbett Report.
Iain mora na costa sul da Inglaterra. Sua exposição de ideias habitual, principalmente por meio do seu blog e livros publicados, é baseada em extensas pesquisas e mergulhos profundos em assuntos políticos, sociais e geopolíticos complexos e muitas vezes abrangentes.
Tradutor: Daniel Peterson
Esse texto é uma tradução parcial do artigo originalmente publicado por Iain Davis no seu blog em 10 de setembro de 2021.
O texto original, em inglês, disponibilizado sob a licença CC BY-NC 4.0, pode ser conferido em: