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Protestos em Cuba: governo Biden não quer refugiados nos Estados Unidos

Governo Biden para refugiados cubanos: lamento, vocês não são bem-vindos aqui.

Muitos americanos acreditam que os Estados Unidos têm uma política de boas-vindas aos refugiados e àqueles que buscam asilo político. Esse não é o caso.

O governo dos Estados Unidos fez uma declaração simples para os cubanos que estão arriscando suas vidas para resistir ao comunismo. Não venham pra cá.

“Permitam-me ser claro: se vocês forem para o mar, não virão para os Estados Unidos”, disse o secretário do Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês), Alejandro Mayorkas, durante uma entrevista coletiva na semana passada.


Milhares de cubanos foram às ruas nas últimas semanas com gritos de “Libertad!” e “Abaixo a Ditadura” em alguns dos maiores protestos da história do país. Os protestos são uma representação visível de uma população se erguendo para confrontar seu governo comunista corrupto que os deixou desamparados, com fome e sem acesso a medicamentos básicos.

Em resposta, seus líderes têm trabalhado para desligar o acesso à Internet, onde muitas pessoas estão se organizando, e culparam os Estados Unidos pela situação difícil do seu povo. De acordo com a diretora da Amnistia Internacional para as Américas, Erika Guevara-Rosas, pelo menos 140 pessoas foram detidas ou desapareceram após confrontos entre a polícia estatal e os manifestantes.

Voltando aos Estados Unidos, manifestações massivas ocorreram em cidades de todo o país — de Miami e Los Angeles a Washington DC — enquanto os norte-americanos procuram mostrar sua solidariedade com aqueles que lutam pela liberdade perto de sua costa.

Mas Alejandro Mayorkas adotou um tom muito diferente da população norte-americana em suas declarações. Em termos inequívocos, o secretário do DHS disse aos cubanos que aqueles que conseguirem chegar aos Estados Unidos pelo mar serão apreendidos pela guarda costeira norte-americana e levados de volta aos seus países de origem. E em relação àqueles com pedidos de asilo político, ele disse: “se indivíduos fizerem, estabelecerem um medo bem fundado de perseguição ou tortura, eles serão encaminhados a países terceiros para reassentamento”, ele continuou. “Eles não entrarão nos Estados Unidos.”

Vale a pena observar que o próprio Mayorkas é um imigrante cubano que fugiu do país com sua família em 1960, quando tinha apenas um ano de idade.

Qual é a política, afinal?

Muitos americanos acreditam que os Estados Unidos têm uma política de boas-vindas aos refugiados e àqueles que buscam asilo político. Outros aparentemente ainda tinham a impressão de que os Estados Unidos tinham uma abordagem “pés molhados, pés secos” para os imigrantes cubanos que chegavam pelo mar, o que permitiu aos cubanos que chegaram sem um visto permanecer nos EUA como residentes permanentes.

Grande parte dessa confusão pode ser atribuída à mídia. Embora o governo Trump fosse visto como anti-imigrante (e com razão), a mídia pintou Biden como muito mais simpático ao assunto. Na realidade, porém, as políticas de Biden e Trump são praticamente as mesmas. Não apenas isso, elas também são remanescentes de governos anteriores, como Obama e Bush.

Na verdade, foi o ex-presidente Obama quem pôs fim à política de “pés molhados, pés secos” que permitia aos cubanos permanecer nos Estados Unidos.

“Ao dar esse passo, estamos tratando os migrantes cubanos da mesma forma que tratamos migrantes de outros países”, escreveu Obama em um comunicado na época.

Como o governo norte-americano trata outros migrantes, é importante observar, não é boa. É extremamente difícil imigrar para os Estados Unidos, ao contrário da crença popular, e esse fato não muda se você é um refugiado ou procura asilo.

Muito poucos migrantes são sequer selecionados para proteção humanitária em primeiro lugar, e aqueles que são tem sido historicamente enviados para a notória Base Naval da Baía de Guantánamo para serem submetidos a entrevistas com oficiais de asilo. Se passarem nessa entrevista, serão encaminhados para reassentamento em países terceiros.

Para esclarecer, a legislação nacional norte-americana permite que aqueles que cheguem ao país solicitem asilo, mas mesmo isso foi suspenso durante a pandemia, e a maioria tem sido expulsa de qualquer forma.

#SOSCuba

Há muitos motivos pelos quais devemos esperar uma mudança na política no que diz respeito aos refugiados cubanos — tanto humanitária quanto econômica.

Imigrantes são sempre um ganho líquido para um país. Eles aumentam o número de pessoas que trabalham em uma sociedade, algo de que a maioria dos países precisa desesperadamente, à medida que as taxas de natalidade continuam caindo. Esse número maior significa que eles aumentam os ganhos do comércio e tornam a disponibilidade de bens e serviços mais ampla, o que, por sua vez, torna as coisas mais baratas. E os imigrantes criam novos empregos. Eles abrem empresas e contratam outros, estimulando ainda mais o crescimento econômico aonde vão.

E a população cubana tem se mostrado especialmente industriosa com muitos empresários entre eles. Miami, onde se encontra o maior número de imigrantes cubanos nos Estados Unidos, desfruta de uma das maiores taxas de criação de novos negócios do país — em grande parte impulsionada por cubanos. Empreendedores e celebridades como Ruth Behar, Desi Amaz, Gloria Estefan, Pitbull, Andy Garcia, o pai de Jeff Bezos e Martha de Miami todos figuram entre as histórias de sucesso cubano nos Estados Unidos.

Os cubanos não apenas levam riqueza e crescimento econômico para os EUA, mas sua saída continua a minar uma ditadura comunista brutal, razão pela qual a imigração para os EUA é tão condenada pelo regime.

É cômico ver os líderes cubanos pondo a culpa dos problemas econômicos do seu país no embargo do governo norte-americano, essencialmente admitindo que o comunismo só pode funcionar por meio do acesso ao livre comércio e aos livres mercados. Isso não quer dizer que o embargo seja uma política justa ou racional, não é. Mas também não é a principal causa da situação difícil do povo cubano. No entanto, eles não estão totalmente errados quanto ao fato de que os EUA minou seu regime. Milhões de pessoas fugiram da Cuba comunista para as costas mais livres dos EUA, levando alguns dos melhores e mais brilhantes do país.

Não há absolutamente nenhuma razão para que os americanos amantes da liberdade não esperem ver mais cubanos chegarem às suas praias. Receber pessoas que trabalham duro e que amam a liberdade deveria ser feito até sem pensar muito. E qualquer coisa que possamos fazer pacificamente para quebrar a opressão do comunismo deve estar na mesa.

Em A Riqueza das Nações, Adam Smith explicou que os livres mercados precisam da livre circulação da mão-de-obra. Não precisamos travar batalhas no exterior com nossos oponentes ideológicos. O livre mercado é poderoso o suficiente para resolver o problema e quebrar as cadeias de opressão sem violência, se simplesmente permitirmos que ele funcione.

Autora: Hannah Cox

Hannah Cox é a gerente de conteúdo e embaixadora da marca da Foundation for Economic Education (FEE, “Fundação para Educação Econômica”).

Tradutor: Cabeça Livre

Esse texto é uma tradução da matéria originalmente escrita por Hannah Cox em 20 de julho de 2021 para a FEE.

O texto original, em inglês, publicado sob a licença CC BY 4.0, pode ser conferido em:

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