Cabeça Livre

Covid-19: será que tem relação com infarto e AVC?

Se você “caiu de para quedas” nessa página, comece a leitura pela primeira parte, para entender todo o contexto em que lanço essa dúvida e escrevo esse texto:

Agora os jornais buscam relação de causa e efeito entre coronavírus, infartos e AVCs:

“Lista de sintomas da Covid-19 só aumenta”. Começamos com um vírus que causava uma doença respiratória e hoje parece algo como um “vírus coringa”, capaz de causar praticamente qualquer coisa. Bem, enquanto não tentarem associar o coronavírus com acidentes de trânsito ou disparo de armas de fogo, ainda estaremos dentro do razoável…

Em muitos jogos de cartas, o coringa (_joker_) é uma carta que pode assumir o lugar de qualquer outra.

Em muitos jogos de cartas, o coringa (joker) é uma carta que pode assumir o lugar de qualquer outra.

Mas, antes dessa pandemia, o que sabíamos sobre o infarto e o AVC?

Os fatores de risco tanto para o infarto quanto para o AVC são parecidos:

  • Hipertensão arterial (pressão alta)
  • Diabetes
  • Sedentarismo
  • Altos níveis de colesterol e triglicérides
  • Doenças cardíacas
  • Tabagismo
  • Obesidade
  • Estresse
  • Depressão

(fonte: Hospital Israelita Albert Einstein, aqui e aqui)

Parece até um retrato da nossa sociedade, não? Quantas pessoas você conhece que não possui nenhum desses fatores de risco?

Não à toa, o infarto e o AVC são as duas principais causas de mortes no Brasil:

10 principais causas de morte no Brasil (frequência e taxa bruta) e no mundo, dados de 2016. Fonte: [Saúde Brasil 2018](http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_brasil_2018_analise_situacao_saude_doencas_agravos_cronicos_desafios_perspectivas.pdf).

10 principais causas de morte no Brasil (frequência e taxa bruta) e no mundo, dados de 2016. Fonte: Saúde Brasil 2018.

Até hoje, 17 de maio, a Covid-19 matou aproximadamente 15.633 brasileiros (fonte: Governo Federal). Com esse número, a doença ainda não entraria nessa tabela, mas ainda não chegamos ao final da pandemia (que ninguém sabe quando será) ou do ano. É esperado que o número de óbitos diários aumente até atingir um pico (não se sabe ainda quando) e depois reduza, até estabilizar em poucos óbitos por dia em média (também não se sabe quando).

Se comprovada a relação de causa (Covid-19) e efeito (infartos e AVCs), possivelmente a Covid-19 subiria para o topo da lista. É algo que a comunidade científica ainda estuda, não dá pra afirmar de certeza, mas os jornais já sopraram aos quatro cantos do Brasil.

Essa notícia publicada pela Exame traz mais uma previsão sem data (529 mil mortos, mas não se sabe em quanto tempo), dessa vez feita por um professor da USP, Gonzalo Vecina. Um pouco antes, a notícia afirma que “é impossível fazer previsões para o futuro”. Ou seja, não só a previsão não traz data, como ainda é considerada impossível pela própria notícia.

Essa notícia do Estadão, de 27 de abril, fala de um caso dos Estados Unidos, um dos primeiros casos que deu início a essa suspeita de relação entre coronavírus, infartos e AVCs:

De início, já se percebe que essa notícia também traz expressões carregadas de emoção: “reviravolta”, “tão severos”, “ficou pasmo”, “mistérios”, “iludindo os melhores cientistas”, “um adversário muito mais formidável”, “estrago”, “catastróficos”…

À primeira vista, o prontuário do paciente parecia ótimo. Homem, nenhuma medicação recorrente, nenhum histórico de condições crônicas. Estava se sentindo bem, passando o tempo em casa durante a quarentena do coronavírus como o restante dos americanos, quando, subitamente, teve dificuldade para falar e mover o lado direito do corpo.

Na maioria das pessoas, o coronavírus não manifesta sintomas, ou manifesta sintomas semelhantes aos de um resfriado. Pelo relato, esse paciente era um portador assintomático do coronavírus: ou seja, tinha o vírus, mas nem sabia que tinha. Note que ele procurou o hospital se queixando de outros sintomas que não aqueles que levantam a suspeita de Covid-19: febre, tosse seca, dificuldade de respirar, etc.

Será que esse paciente realmente não apresentava nenhum daqueles fatores de risco pro AVC? Será que não foi mera coincidência ele morrer de AVC e testar positivo para Covid-19?

Imagine uma pessoa que tem sífilis e Covid-19, qual doença é considerada a causa de morte? (no lugar de sífilis, você pode pensar em outras doenças: H1N1, gripe, dengue, etc)

Se uma pessoa leva um tiro, procura o hospital, morre horas ou dias depois e testa positivo para Covid-19, qual é a causa de sua morte?

Antes, acreditava-se que o patógeno atacava principalmente os pulmões, mas este se revelou um adversário muito mais formidável - afetando quase todos os principais sistemas de órgãos do corpo.

Parece que temos “um adversário muito mais formidável”: um “vírus coringa”…

Na verdade, essa notícia faz refletir até mesmo sobre a eficácia do confinamento no combate à Covid-19: segundo a notícia, o paciente estava “passando o tempo em casa durante a quarentena”, mas depois testou positivo para o coronavírus mesmo assim. Mais adiante, outro trecho da notícia permite fazer essa mesma reflexão:

Muitos médicos se mostraram preocupados com o fato de, durante o auge do contágio, os bombeiros de Nova York estarem recolhendo quatro vezes mais corpos de pessoas que morreram em casa do que o normal: alguns dos mortos podem ter sofrido derrames súbitos. Talvez nunca saibamos a verdade, pois pouquíssimas autópsias foram realizadas.

Conclusão

Pense: por mais tempo que você tenha passado em casa, se você foi ao supermercado ou pediu tele-entrega, se o ambiente ou o entregador estavam contaminados, é possível que você tenha levado o vírus para dentro da sua casa, não tem como você saber.

Por isso, minha humilde opinião, é que não adianta surtar: apenas cuide-se, tome os devidos cuidados e não permita que o terrorismo da mídia e o medo te paralisem.

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