“Zero Covid”, a ideia de que pesadas ordens governamentais e controles populacionais podem eliminar permanentemente um coronavírus de um país, tem falhado espetacularmente em todos os lugares em que é tentada.
Provavelmente você não lê sobre isso nos grandes jornais corporativos ocidentais, mas os países que adotaram a estratégia de “Zero Covid” estão vendo os casos de Covid-19 explodirem em todos os seus territórios. Os países amplamente elogiados como “casos de sucesso” que seguiram a ideologia radical que é a “Zero Covid” não só não conseguiram conter o vírus, como agora estão testemunhando a disseminação descontrolada desse vírus em seus centros populacionais. Os governos comprometidos com essa aventura pseudocientífica e totalitária estão lutando por opções, e respondendo com lockdowns e violando ainda mais os direitos dos seus cidadãos. A panela de pressão “Zero Covid” explodiu, revelando as deficiências de tal esforço ideológico imprudente.
Vamos dar uma olhada em como as nações “Zero Covid” estão se saindo.
Nota do Cabeça Livre:
Jordan Schachtel já havia alertado em julho em matéria para o AIER sobre o fracasso da estratégia “Zero Covid”, matéria essa que foi comentada em vídeo em português por Peter Turguniev do canal ANCAP.SU.
Passado pouco mais de mês daquela matéria e daquele vídeo, vejamos se a situação dos países “Zero Covid” melhorou.
Austrália
A Austrália é indiscutivelmente o grande país (em território) mais dedicado à estratégia “Zero Covid”. O país foi isolado da maior parte do mundo desde o início da paranoia da Covid. Até mesmo muitos cidadãos australianos não tem conseguido entrar ou sair do país.
A Austrália decretou tantos lockdowns que é praticamente impossível saber em que número estão atualmente. Embora a grande mídia afirme que o país “controla brilhantemente a pandemia”, a “Zero Covid” tem sido um desastre absoluto, já que a estratégia de eliminação de Canberra, não surpreendentemente, falhou em mover permanentemente os casos para zero.
Cases in Australia have reached a new high, another tremendous success story in Following The Science™
— IM (@ianmSC) 20 de agosto de 2021
So sure, they’ve indefinitely destroyed the pretense of freedom in their country, but at least it’s also not working! pic.twitter.com/ydTcAxQoxl
Melbourne, a segunda maior cidade australiana em termos populacionais, entrou no seu sexto lockdown em 5 de agosto, que deve durar até 28 de agosto. O país, com população estimada em 25 milhões de habitantes, está sob um lockdown distópico com a presença de militares nas ruas, apesar de menos de 5 mortes relacionadas à Covid por dia. Ao todo, menos de mil australianos morreram com Covid-19 desde o início da pandemia até agora.
Australian military is deployed to enforced #COVID lockdown in Sydney.
— Jim Roberts (@nycjim) 30 de julho de 2021
*Despite 5 weeks of lockdown, virus continues to spread, causing 9 deaths.
*Only 17 percent of Australia’s adult population is vaccinated.https://t.co/X3rXwhuPN4 pic.twitter.com/OvZLNH1hLz
Os lockdowns da Austrália foram infames e implacáveis. Em alguns lugares, os lockdowns significavam que os cidadãos só podiam deixar suas casas por uma hora por dia, e não podiam viajar para fora de um determinado raio de suas casas. Em muitos lugares, o ato de protestar é ilegal, e será enfrentado pela tropa de choque. A Austrália também promulgou campos de quarentena obrigatórios para cidadãos privilegiados o suficiente para receber permissão do governo para retornar ao país.
Vietnã
Rotulado como um “caso de sucesso” da estratégia “Zero Covid” pela imprensa corporativa — e pelo mestre dos pandeminions brasileiros — por suas políticas ultra-rígidas, o Vietnã vê os casos de Covid-19 explodirem. O governo, em modo pânico total, respondeu fechando as principais cidades — apenas para que a contagem de casos continuasse crescendo.
Se tivéssemos feito o mesmo que o Vietnã, com nossa população de 212 milhões, teríamos menos de 250 mortes. Não diárias. Não mensais. Totais.
— Atila Imunizando *de licença-paternidade (@oatila) 9 de julho de 2021
Um país com 12x mais habitantes por Km² e metade do nosso PIB per capita. Que tal? https://t.co/OiLF6ADQie
Total de casos de coronavírus no Vietnã. Fonte: Worldometer. Acesso em: 22 de agosto de 2021.
Coreia do Sul
Seul estabeleceu um dos regimes de vigilância contra a Covid mais intrusivos do mundo. Aplaudida por autoritários como um país que tinha suas prioridades em ordem, a Coreia do Sul era supostamente o país modelo de “rastreamento de contatos”. Hoje, a Coreia do Sul está vendo números recordes em todas as regiões do país. Em 11 de agosto, pela primeira vez desde o início da pandemia, o país registrou mais de 2 mil casos de Covid-19 em um único dia. A estratégia de “Zero Covid” falhou, e o governo respondeu restringindo os direitos dos cidadãos ainda mais.
South Korea continues to report record high COVID cases even with 99% mask compliance, but sure experts, if we only would all wear masks, cases would never go up pic.twitter.com/WjKO1NVCc7
— IM (@ianmSC) 22 de agosto de 2021
Singapura
Outrora uma nação “Zero Covid” em boa posição com os ideólogos radicais “especialistas em saúde pública”, o governo de Singapura se acalmou e decidiu em julho abandonar a ideia de tentar eliminar para sempre um vírus endêmico minimamente ameaçador.
Adivinha o resultado? Há quase 1 mês o número de novos casos diários reduz a cada dia:
Novos casos diários de Covid-19 em Singapura. Fonte: Google / Universidade Johns Hopkins. Acesso em: 22 de agosto de 2021.
China
A China, apontada pela grande mídia como “um exemplo no combate ao vírus”, mente sobre seus números da Covid e quase tudo o mais. O Partido Comunista Chinês afirma ser um participante da “Zero Covid”, mas, na realidade, Pequim tem enganado o mundo sobre “sucessos” de mitigação e supressão desde o primeiro dia da paranoia da Covid.
O país mais populoso do mundo, com cerca de 1,4 bilhões de pessoas, diz que teve apenas 94 mil casos e 4 mil mortes de Covid-19 desde o início da pandemia. Os números divulgados pelo governo são bons — o que não é bom é questioná-lo, pode ser perigoso.
Tailândia
A Tailândia, um “caso de sucesso” amplamente elogiado por seus lockdowns rígidos e outras políticas draconianas na saga de “Zero Covid”, está batendo recorde atrás de recorde de casos de Covid.
Thailand, after a literal 1 million percent increase in cases from last summer, reported a new high of 22,782 cases yesterday, despite overwhelming mask usage.
— IM (@ianmSC) 13 de agosto de 2021
Adjusted for population, it’s more than 30 US states are reporting each day.
Are we done pretending masks work yet? pic.twitter.com/Hac11uoRfF
Nova Zelândia
A Nova Zelândia, que está em um autocerco desde o início de 2020, continua totalmente comprometida com sua estratégia de “Zero Covid”. O país, com população estimada em 4,9 milhões de habitantes, teve desde o início da pandemia até agora 3 mil casos e 26 mortes relacionadas à Covid-19. Segundo o Google, a última morte foi em 15 de fevereiro. Apesar disso, a detecção de um caso, o primeiro transmitido localmente desde fevereiro, levou a primeira-ministra Jacinda Ardern a anunciar um novo lockdown nacional em 17 de agosto.
Novos casos diários de Covid-19 na Nova Zelândia. Fonte: Google / Universidade Johns Hopkins. Acesso em: 22 de agosto de 2021.
Mortes diárias de Covid-19 na Nova Zelândia. Fonte: Google / Universidade Johns Hopkins. Acesso em: 22 de agosto de 2021.
Assim como a Austrália, a Nova Zelândia montou campos de quarentena para pessoas que tiveram acesso ao país. E também já “venceu a batalha” contra a Covid-19 algumas vezes.
Devido aos isolamentos relacionados à Covid, a falta de exposição a doenças comuns tem causado uma baixa de imunidade que tem disparado a hospitalização de crianças, que não são ameaçadas pela Covid. Parece que os fanáticos do “Zero Covid” esqueceram que ainda existem outras formas de adoecer.
‘Doctors say children haven’t been exposed to range of bugs due to lockdowns, distancing and sanitiser and their immune systems are suffering’https://t.co/YdA0pYFpax
— Rita Panahi (@RitaPanahi) 9 de julho de 2021
Resumo
Todos os países que abraçaram a noção radical de “Zero Covid” acabaram falhando em conter o vírus e/ou falhando em aceitar que os custos de tentar conter o vírus foram exponencialmente piores do que os benefícios de conter o vírus. As “curas” prometidas foram infinitamente piores do que a doença. Não há mais “casos de sucesso” de nações usando meios tirânicos na tentativa de parar o vírus. A estratégia de “Zero Covid”, como qualquer pessoa racional poderia ter previsto há muito tempo, falhou de forma espetacular.
Nota do Cabeça Livre:
Eu mesmo alerto desde maio de 2020, em um dos primeiros textos deste site, que lockdown não necessariamente reduzia mortes com Covid-19. Fui criticado por ser um “anônimo traçando gráficos em planilhas de Excel”. Pois bem. Meses depois, artigos científicos chegaram a conclusões semelhantes à minha.
Nota do Cabeça Livre:
Como vimos, os países que tentaram a estratégia “Zero Covid” e foram aclamados pela grande mídia como “casos de sucesso” agora veem casos disparando e impõem novos lockdowns.
De forma oposta, sabe qual país adotou a estratégia “zero lockdown”, foi criticado pela grande mídia como “incrível fracasso”, mas já mantém o número de mortes diárias igual ou próximo de zero há 1 mês? A Suécia:
The 7-day average of newly reported deaths per million in Sweden is 0.
— IM (@ianmSC) 14 de agosto de 2021
They’ve reported 14 total deaths since July 1st in a country of ~10.4 million people.
It is remarkable to watch experts & politicians ignore this and go right back to interventions that have already failed pic.twitter.com/K9LT72AxB8
Leia mais sobre o que eu considero um verdadeiro caso de sucesso em:
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Autor: Jordan Schachtel
Jordan Schachtel é jornalista investigativo e analista de política externa baseado em Washington, DC.
Tradutor: Cabeça Livre
Esse texto é uma tradução da matéria originalmente escrita por Jordan Schachtel em 16 de julho de 2021 para o American Institute for Economic Research (AIER, “Instituto Norte-americano de Pesquisa Econômica”).
O texto original, em inglês, publicado sob a licença CC BY 4.0, pode ser conferido em:
Nota do Cabeça Livre:
Algumas informações da matéria original foram atualizadas com base em outras matérias, cujos links estão no próprio texto.