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Covid-19: países com a meta de "zero casos" só veem os números aumentando

“Zero Covid”, a ideia de que pesadas ordens governamentais ​​e controles populacionais podem eliminar permanentemente um coronavírus de um país, tem falhado espetacularmente em todos os lugares em que é tentada.

Provavelmente você não lê sobre isso nos grandes jornais corporativos ocidentais, mas os países que adotaram a estratégia de “Zero Covid” estão vendo os casos de Covid-19 explodirem em todos os seus territórios. Os países amplamente elogiados como “casos de sucesso” que seguiram a ideologia radical que é a “Zero Covid” não só não conseguiram conter o vírus, como agora estão testemunhando a disseminação descontrolada desse vírus em seus centros populacionais. Os governos comprometidos com essa aventura pseudocientífica e totalitária estão lutando por opções, e respondendo com lockdowns e violando ainda mais os direitos dos seus cidadãos. A panela de pressão “Zero Covid” explodiu, revelando as deficiências de tal esforço ideológico imprudente.

Vamos dar uma olhada em como as nações “Zero Covid” estão se saindo.

Austrália

A Austrália é indiscutivelmente o grande país (em território) mais dedicado à estratégia “Zero Covid”. O país foi isolado da maior parte do mundo desde o início da paranoia da Covid. Até mesmo muitos cidadãos australianos não tem conseguido entrar ou sair do país.

A Austrália decretou tantos lockdowns que é praticamente impossível saber em que número estão atualmente. Embora a grande mídia afirme que o país “controla brilhantemente a pandemia”, a “Zero Covid” tem sido um desastre absoluto, já que a estratégia de eliminação de Canberra, não surpreendentemente, falhou em mover permanentemente os casos para zero.

Melbourne, a segunda maior cidade australiana em termos populacionais, entrou no seu sexto lockdown em 5 de agosto, que deve durar até 28 de agosto. O país, com população estimada em 25 milhões de habitantes, está sob um lockdown distópico com a presença de militares nas ruas, apesar de menos de 5 mortes relacionadas à Covid por dia. Ao todo, menos de mil australianos morreram com Covid-19 desde o início da pandemia até agora.

Os lockdowns da Austrália foram infames e implacáveis. Em alguns lugares, os lockdowns significavam que os cidadãos só podiam deixar suas casas por uma hora por dia, e não podiam viajar para fora de um determinado raio de suas casas. Em muitos lugares, o ato de protestar é ilegal, e será enfrentado pela tropa de choque. A Austrália também promulgou campos de quarentena obrigatórios para cidadãos privilegiados o suficiente para receber permissão do governo para retornar ao país.

Vietnã

Rotulado como um “caso de sucesso” da estratégia “Zero Covid” pela imprensa corporativa — e pelo mestre dos pandeminions brasileiros — por suas políticas ultra-rígidas, o Vietnã vê os casos de Covid-19 explodirem. O governo, em modo pânico total, respondeu fechando as principais cidades — apenas para que a contagem de casos continuasse crescendo.

Total de casos de coronavírus no Vietnã. Fonte: [Worldometer](https://www.worldometers.info/coronavirus/country/viet-nam/). Acesso em: 22 de agosto de 2021.

Total de casos de coronavírus no Vietnã. Fonte: Worldometer. Acesso em: 22 de agosto de 2021.

Coreia do Sul

Seul estabeleceu um dos regimes de vigilância contra a Covid mais intrusivos do mundo. Aplaudida por autoritários como um país que tinha suas prioridades em ordem, a Coreia do Sul era supostamente o país modelo de “rastreamento de contatos”. Hoje, a Coreia do Sul está vendo números recordes em todas as regiões do país. Em 11 de agosto, pela primeira vez desde o início da pandemia, o país registrou mais de 2 mil casos de Covid-19 em um único dia. A estratégia de “Zero Covid” falhou, e o governo respondeu restringindo os direitos dos cidadãos ainda mais.

Singapura

Outrora uma nação “Zero Covid” em boa posição com os ideólogos radicais “especialistas em saúde pública”, o governo de Singapura se acalmou e decidiu em julho abandonar a ideia de tentar eliminar para sempre um vírus endêmico minimamente ameaçador.

Adivinha o resultado? Há quase 1 mês o número de novos casos diários reduz a cada dia:

Novos casos diários de Covid-19 em Singapura. Fonte: [Google](https://www.google.com/search?q=Singapura+Covid-19) / [Universidade Johns Hopkins](https://github.com/CSSEGISandData/COVID-19). Acesso em: 22 de agosto de 2021.

Novos casos diários de Covid-19 em Singapura. Fonte: Google / Universidade Johns Hopkins. Acesso em: 22 de agosto de 2021.

China

A China, apontada pela grande mídia como “um exemplo no combate ao vírus”, mente sobre seus números da Covid e quase tudo o mais. O Partido Comunista Chinês afirma ser um participante da “Zero Covid”, mas, na realidade, Pequim tem enganado o mundo sobre “sucessos” de mitigação e supressão desde o primeiro dia da paranoia da Covid.

O país mais populoso do mundo, com cerca de 1,4 bilhões de pessoas, diz que teve apenas 94 mil casos e 4 mil mortes de Covid-19 desde o início da pandemia. Os números divulgados pelo governo são bons — o que não é bom é questioná-lo, pode ser perigoso.

Tailândia

A Tailândia, um “caso de sucesso” amplamente elogiado por seus lockdowns rígidos e outras políticas draconianas na saga de “Zero Covid”, está batendo recorde atrás de recorde de casos de Covid.

Nova Zelândia

A Nova Zelândia, que está em um autocerco desde o início de 2020, continua totalmente comprometida com sua estratégia de “Zero Covid”. O país, com população estimada em 4,9 milhões de habitantes, teve desde o início da pandemia até agora 3 mil casos e 26 mortes relacionadas à Covid-19. Segundo o Google, a última morte foi em 15 de fevereiro. Apesar disso, a detecção de um caso, o primeiro transmitido localmente desde fevereiro, levou a primeira-ministra Jacinda Ardern a anunciar um novo lockdown nacional em 17 de agosto.

Novos casos diários de Covid-19 na Nova Zelândia. Fonte: [Google](https://www.google.com/search?q=covid-19+nova+zelandia) / [Universidade Johns Hopkins](https://github.com/CSSEGISandData/COVID-19). Acesso em: 22 de agosto de 2021.

Novos casos diários de Covid-19 na Nova Zelândia. Fonte: Google / Universidade Johns Hopkins. Acesso em: 22 de agosto de 2021.

Mortes diárias de Covid-19 na Nova Zelândia. Fonte: [Google](https://www.google.com/search?q=covid-19+nova+zelandia) / [Universidade Johns Hopkins](https://github.com/CSSEGISandData/COVID-19). Acesso em: 22 de agosto de 2021.

Mortes diárias de Covid-19 na Nova Zelândia. Fonte: Google / Universidade Johns Hopkins. Acesso em: 22 de agosto de 2021.

Assim como a Austrália, a Nova Zelândia montou campos de quarentena para pessoas que tiveram acesso ao país. E também já “venceu a batalha” contra a Covid-19 algumas vezes.

Devido aos isolamentos relacionados à Covid, a falta de exposição a doenças comuns tem causado uma baixa de imunidade que tem disparado a hospitalização de crianças, que não são ameaçadas pela Covid. Parece que os fanáticos do “Zero Covid” esqueceram que ainda existem outras formas de adoecer.

Resumo

Todos os países que abraçaram a noção radical de “Zero Covid” acabaram falhando em conter o vírus e/ou falhando em aceitar que os custos de tentar conter o vírus foram exponencialmente piores do que os benefícios de conter o vírus. As “curas” prometidas foram infinitamente piores do que a doença. Não há mais “casos de sucesso” de nações usando meios tirânicos na tentativa de parar o vírus. A estratégia de “Zero Covid”, como qualquer pessoa racional poderia ter previsto há muito tempo, falhou de forma espetacular.

Autor: Jordan Schachtel

Jordan Schachtel é jornalista investigativo e analista de política externa baseado em Washington, DC.

Tradutor: Cabeça Livre

Esse texto é uma tradução da matéria originalmente escrita por Jordan Schachtel em 16 de julho de 2021 para o American Institute for Economic Research (AIER, “Instituto Norte-americano de Pesquisa Econômica”).

O texto original, em inglês, publicado sob a licença CC BY 4.0, pode ser conferido em:

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