Cabeça Livre

Nosso planeta está se afogando na poluição do plástico, mas várias soluções já estão aqui — graças à engenhosidade humana

Crédito da imagem: Dustan Woodhouse / [Unsplash](https://unsplash.com/photos/RUqoVelx59I)

Crédito da imagem: Dustan Woodhouse / Unsplash

Líquido magnético, robôs que limpam praias e estradas de plástico estão entre as tecnologias que os humanos estão usando para combater um dos principais problemas ambientais do mundo: a poluição por plástico.

Fionn Ferreira cresceu na majestosa costa sul da Irlanda, mas quando tinha doze anos, percebeu um brilho estranho na água. Era causado por microplásticos, minúsculas partículas de plástico compridas não mais que 5mm, das quais ninguém sabia como se livrar.

Esses microplásticos são o fim do conhecido ciclo de vida dos onipresentes produtos de plástico nos quais confiamos: garrafas de leite, potes de temperos, embalagens de doces, canetas, impressoras, brinquedos, escovas de dente, assentos sanitários e assim por diante ad infinitum. Estamos rodeados de plástico. É à prova d’água, maleável e durável, e é por isso que o usamos para fazer quase tudo desde que foi inventado no início do século XX.

Mas hoje sabemos que sua durabilidade também apresenta sérios problemas.

A desvantagem da durabilidade

Na maioria das condições, plásticos levam centenas de anos para se decompor, o que significa que a maior parte das 8,3 bilhões de toneladas produzidas desde o início dos anos 1950 ainda existe. O estudo mais abrangente estima que apenas 12% foram incinerados e 9% reciclados. Os 79% restantes estão em aterros sanitários ou espalhados em algum lugar. Desses espalhados, boa parte acaba no oceano – cerca de 8 milhões de toneladas por ano.

Daí a Grande Mancha de Lixo do Pacifico, um enorme giro de microplásticos, garrafas, bolsas, redes de pesca e outros resíduos entre a Califórnia e o Havaí. Variando com as condições de vento e clima, seu tamanho é estimado entre o tamanho do Texas e o dobro do tamanho da França. Alguns dizem que, em 2050, haverá mais plástico no oceano do que peixes (937 milhões de toneladas de plástico e 895 milhões de toneladas de peixes). Há também a Ilha Henderson, que fica no meio do Pacífico, a cerca de 3.300 milhas da América do Sul e 3.200 milhas da Nova Zelândia. Embora remotas, desabitadas e com metade do tamanho de Manhattan, correntes levaram para a costa cerca de 19 toneladas de lixo, conferindo às suas praias de areia branca uma densidade de detritos mais alta do que qualquer outro lugar na Terra.

Animais em todo o mundo são pegos em detritos de plástico. Muitos são mutilados ou mortos por ele. E muitos outros o confundem com comida. Um estudo encontrou plástico nos estômagos de 90% das aves examinadas e outro em 100% das tartarugas marinhas examinadas. Plâncton, comido por todos os tipos de outras criaturas marinhas, também foi observado comendo plástico em experimentos em laboratório.

Plástico… para o jantar?

De forma não surpreendente, agora os plásticos fazem parte da cadeia alimentar humana. Em um estudo realizado por cientistas da Universidade de Brunel em Londres e da Universidade de Hull, microplásticos foram encontrados em todos os mexilhões analisados, retirados de oito áreas diferentes do litoral britânico e de oito supermercados diferentes. Com base em suas descobertas, eles preveem que os consumidores que comem esses moluscos, há muito tempo considerados os purificadores do oceano, ingerirão “70 itens microplásticos [por] 100 gramas de mexilhões processados”.

Plástico também foi encontrado em um terço dos peixes pescados no Reino Unido. “O mar está devolvendo o lixo humano para nós”, escreveu Philip Hoare no The Guardian.

Em um pequeno estudo com pessoas na Europa, Rússia e Japão, cada participante tinha microplásticos em suas fezes. O pesquisador da Universidade Médica de Viena que liderou o estudo, Philipp Schwabl, disse: “Este é o primeiro estudo desse tipo e confirma o que há muito tempo suspeitávamos, que os plásticos acabam atingindo o intestino humano. Uma preocupação particular é o que isso significa para nós, especialmente para os pacientes com doenças gastrointestinais.”

Autor: Jon Hersey

Jon Hersey é editor-chefe do The Objective Standard, bolsista e instrutor do Objective Standard Institute e bolsista Hazlitt da Foundation for Economic Education.

Tradutor: Cabeça Livre

Esse texto é uma tradução da matéria originalmente escrita por Jon Hersey em 19 de setembro de 2021 para a FEE.

O texto original, em inglês, publicado sob a licença CC BY 4.0, pode ser conferido em:

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