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"O recurso definitivo" para resolver o problema do plástico

As proibições de sacolas plásticas exemplificam a observação de Henry Hazlitt de que há uma “persistente tendência de os homens verem somente os efeitos imediatos de determinada política ou seus efeitos apenas num grupo especial, deixando de averiguar quais os efeitos dessa política a longo prazo, não só sobre determinado grupo, como sobre todos os demais. É a falácia de menosprezar consequências secundárias.” (página 23 do livro Economia Numa Única Lição)

Esse é um dos motivos pelos quais “soluções” governamentais para a poluição por plástico tendem a ser malsucedidas. Outro é que governos têm essencialmente apenas uma ferramenta à sua disposição, e uma ferramenta particularmente contundente nisso: a força física. “Faça o que dizemos ou então…” Isso não é exatamente uma solução de problemas criativa, de ponta.

Para soluções reais, duradouras e poderosas para problemas de poluição, precisamos usar uma ferramenta diferente. Precisamos explorar o que Julian Simon chamou de “o recurso definitivo”: a mente humana. Em particular, deveríamos olhar para os inovadores que estão entusiasmados em encontrar soluções criativas para tais problemas, pessoas como Fionn Ferreira.

Líquido magnético, robôs que limpam praias e estradas de plástico: oh meu Deus!

Intrigado na adolescência com o problema dos microplásticos, Ferreira observou um dia que uma rocha à beira-mar de sua terra natal, Ballydehob, na Irlanda, estava manchada de óleo – e que, por algum motivo, os microplásticos estavam grudados nela. “Eu me perguntei: ‘Por que isso está acontecendo?’ Pesquisei um pouco mais e descobri que partículas de plástico são o que chamamos de apolares, e o óleo também é apolar. E em química semelhantes atraem semelhantes, o que significa que coisas não polares atraem coisas não polares.”

Em uma aula de ciências do ensino médio, ele aprendeu sobre ferrofluido, um líquido magnético feito de minúsculas partículas de ferro suspensas em óleo. Ele fez o seu próprio, realizando centenas de experimentos para descobrir qual óleo funciona melhor (óleo vegetal leve), usando-o para atrair microplásticos e, em seguida, extraindo a mistura com um ímã. Seu método remove sem precedentes 87% dos microplásticos da água – algo extremamente gratificante de se ver.

Agora aluno da Universidade de Groningen, Ferreira faz experiências com aparelhos para estações de tratamento de água. Ele também está trabalhando em um dispositivo que pode ser montado em navios para que eles possam limpar a água continuamente enquanto navegam ao redor do globo.

Considere outro exemplo: Toby McCartney, cuja empresa MacRebur está misturando plásticos descartados com alcatrão para pavimentar estradas. De acordo com McCartney, testes mostram que essas estradas são até 60% mais fortes ​​do que estradas convencionais e duram até dez vezes mais. Além disso, cada tonelada de mistura MacRebur contém o equivalente a cerca de 80.000 garrafas de plástico.

Depois, tem a Poralu Marine, sediada em Quebec, que está implantando robôs que limpam praias movidos a energia solar que recolhem o lixo trinta vezes mais rápido do que um humano poderia, pegando até mesmo pequenos plásticos que humanos não enxergam. O BeBot, controlado remotamente, pode limpar 33.000 pés quadrados (aproximadamente 3 mil metros quadrados) de praia por hora e seu “design inovador também ajuda a preservação da biodiversidade, pois previne a compressão de ovos de tartaruga e qualquer ecossistema vegetal na areia”, diz Claire Touvier sobre a equipe de soluções ambientais da Poralu.

Nem toda solução requer tanta ciência ou tecnologia. Em sua palestra no TEDx, McCartney conta a história de um homem na Índia que coletava garrafas plásticas de um depósito de lixo e as usava para fazer uma espécie de ar condicionado de pobre. Ele cortava as garrafas ao meio, colocando seus pequenos bicos espalhados em uma tábua, e a tábua na frente de uma janela. Assim como franzir os lábios resfria sua expiração, empurrar ar quente pela pequena parte das garrafas resfria uma sala em até 5 graus Celsius. Em um país onde pessoas morrem por ondas de calor periódicas, a engenhosidade desse homem está salvando vidas.

Crédito da imagem: Grey Group / [screeble.com](https://screeble.com/blog/2017/06/26/eco-cooler-air-conditioner-zero-electricity/)

Crédito da imagem: Grey Group / screeble.com

“Quanto mais perguntávamos a pergunta ‘E se…’, mais encontrávamos mais soluções”, reflete McCartney. “Criando uma cultura consistente de ‘e se…’, você pode transformar suas grandes ideias em uma realidade maravilhosa.”

Explicando suas técnicas, Ferreira diz: “Não se trata apenas do meu método. Quero inspirar outras pessoas a olhar para o pensamento criativo e maneiras criativas de resolver problemas. Porque, é claro, esse é apenas um problema. Ainda há muitos mais para resolver.”

Autor: Jon Hersey

Jon Hersey é editor-chefe do The Objective Standard, bolsista e instrutor do Objective Standard Institute e bolsista Hazlitt da Foundation for Economic Education.

Tradutor: Cabeça Livre

Esse texto é uma tradução da matéria originalmente escrita por Jon Hersey em 19 de setembro de 2021 para a FEE.

O texto original, em inglês, publicado sob a licença CC BY 4.0, pode ser conferido em:

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