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Por que governos insistem em lockdowns?

Murray Rothbard e James Buchanan. Créditos das imagens: [Wikimedia Commons](https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Chalkboard_color.jpg) / [CC BY 3.0](https://creativecommons.org/licenses/by/3.0/deed.pt_BR) e [Wikimedia Commons](https://commons.wikimedia.org/wiki/File:James_Buchanan_by_Atlas_network.jpg) / [CC BY-SA 3.0](https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/deed.pt_BR).

Murray Rothbard e James Buchanan. Créditos das imagens: Wikimedia Commons / CC BY 3.0 e Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0.

A decisão de continuar usando lockdowns, apesar de sua ineficácia e consequências adversas, parece irracional, mas a teoria econômica pode ajudar a explicar por que as autoridades continuam a usá-los.

Para iniciantes, o economista Murray Rothbard observou que a própria existência do estado se baseia na ideia de que o governo é um componente necessário da sociedade, não apenas um componente legítimo. Em sua famosa obra Anatomia do Estado, Rothbard explicou em detalhes como o estado recruta especialistas para convencer o público de que suas ações são justas e benevolentes.

“Uma vez que sua lei é exploradora e parasitária”, escreveu Rothbard em outro texto, “o Estado precisa adquirir a aliança de um grupo de ‘Intelectuais da Corte’, cuja tarefa é enganar o público para que aceite e celebre a lei do seu Estado particular”.

A lógica de Rothbard explica parte da história, mas uma segunda razão pode ser encontrada nos incentivos básicos. A decisão da Nova Zelândia de fazer lockdown parece ser um exemplo clássico da Teoria da Escolha Pública, uma teoria econômica iniciada pelo economista James M. Buchanan, vencedor do Prêmio Nobel.

Buchanan entendeu que políticos tomam decisões com base em interesses e incentivos próprios – assim como qualquer outra pessoa. E este é o ponto crucial da Teoria da Escolha Pública: ela rejeita a ideia de que políticos são motivados a promover “o bem comum”.

Buchanan viu que políticos e burocratas não se tornam anjos altruístas simplesmente porque conseguiram um cargo no governo. Em vez disso, eles tomam decisões calculadas com base em incentivos pessoais, assim como pessoas em outras instituições, e às vezes essas decisões vão contra “o bem comum”.

Como as decisões de lockdowns de Ardern se desenrolam politicamente ainda veremos, mas vale a pena apontar que ela já foi atacada pela esquerda por abandonar sua estratégia linha-dura de zero Covid.

Em um tuite, o comentarista político e escritor do The Guardian, Morgan Godfery, disse:

Traduzindo:

A primeira-ministra diz que nós devemos agora viver com o vírus. Mas o “nós” significa essas mesmas linhas de desigualdade. O vírus agora vai se infiltrar em gangues, na comunidade habitacional transitória e em pessoas negras não vacinadas. Em 2020, Jacinda pediu sacrifício compartilhado. Em 2021, é um sacrifício particular.

A simples verdade é que, durante a maior parte da pandemia, o maior risco para a maioria dos políticos e funcionários públicos era parecer “não se importar” com a Covid-19. Qualquer ação coletiva para combater o vírus, mesmo ações que fossem inúteis ou mesmo prejudiciais, era melhor do que nenhuma ação de uma perspectiva puramente política.

Muitas pessoas simplesmente presumiram que boas intenções produziriam bons resultados, concluindo erroneamente que planejadores centrais possuíam o conhecimento para guiar efetivamente a todos durante uma pandemia se simplesmente tivessem o poder.

Felizmente, parece que os países ao redor do mundo estão finalmente começando a reconhecer que especialistas não têm o poder de erradicar a Covid-19.

Com Nova Zelândia, Austrália e Cingapura abandonando a meta de erradicar o vírus, a mudança, reporta o New York Times, “deixou a China como talvez o último grande país a buscar uma abordagem zero Covid”.

Não é surpreendente que o Partido Comunista Chinês seja o último grupo no mundo que se recusa a reconhecer que o Estado não possui o conhecimento e a capacidade de erradicar um vírus respiratório se apenas planejar bastante de forma centralizada.

A tragédia é que muitos países seguiram o exemplo do lockdown da China, pra começo de conversa.

Autor: Jon Miltimore

Jonathan Miltimore é o editor-chefe da FEE.org. Seus escritos/reportagens tem sido tema de artigos na revista TIME, The Wall Street Journal, CNN, Forbes, Fox News e Star Tribune.

Ele assina textos nos seguintes meios de comunicação: Newsweek, The Washington Times, MSN.com, The Washington Examiner, The Daily Caller, The Federalist, Epoch Times.

Tradutor: Daniel Peterson

Esse texto é uma tradução da matéria originalmente escrita por Jon Miltimore em 6 de outubro de 2021 para a Foundation for Economic Education (FEE, “Fundação para Educação Econômica”).

O texto original, em inglês, publicado sob a licença CC BY 4.0, pode ser conferido em:

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