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Epidemiologista de Stanford: vacinação contra Covid é principalmente saúde pessoal, não saúde pública

Uma abundância de dados científicos minam as justificativas para leis que obrigam vacinação contra Covid, que violam princípios de longa data de autonomia corporal e direitos individuais.

À medida que leis que obrigam que todos se vacinem contra Covid varrem o governo, a academia e a América corporativa, estão surgindo novos dados que minam as justificativas para essas políticas de saúde pública. Estudos de vários países agora indicam que a vacinação, considerada isoladamente, é menos eficaz do que a imunidade adquirida que muitos já possuem e incapaz de prevenir a transmissão a médio e longo prazo.

Desde que a pandemia começou, mais de 100 milhões de norte-americanos se recuperaram do vírus.

Muitos são trabalhadores considerados “essenciais” e já haviam se recuperado no ano passado. Enquanto o governo pagava a outros para ficarem em casa, os trabalhadores essenciais eram obrigados a continuar trabalhando, expondo-se ao coronavírus em um mundo pré-vacinal.

Um desses trabalhadores é meu amigo Adam, terapeuta ocupacional e diretor de reabilitação que atende pacientes em uma pequena casa de repouso no condado de Aroostook, no Maine. Ele nunca trabalhou de casa. Seus pacientes precisavam dele pessoalmente. Como muitos profissionais de saúde na linha de frente, Adam foi infectado pelo coronavírus enquanto trabalhava, ficou em casa até finalmente testar negativo e depois voltou ao trabalho.

No que diz respeito à Covid, Adam está entre as pessoas mais seguras da América. Vários estudos (incluindo um de Israel que recebeu atenção global) agora indicam que aqueles que se recuperaram da infecção possuem uma imunidade natural mais robusta do que a que as atuais vacinas fornecem. Além disso, três epidemiologistas em Harvard, Oxford e Stanford recomendaram especificamente na Declaração de Great Barrington (agora co-assinada por quase 15.000 cientistas médicos e de saúde pública, assim como mais de 44.000 médicos praticantes) que “lares de idosos deveriam empregar funcionários com imunidade adquirida” para proteger os pacientes.

Então, por que o presidente norte-americano Joe Biden e a governadora do Maine Janet Mills assinaram decretos ameaçando suspender reembolsos do Medicare e do Medicaid a todos os provedores de saúde, a menos que demitam pessoas como Adam? Leis que não abrem exceção para aqueles com imunidade adquirida comprovada fazem pouco sentido para a saúde pública.

Além disso, à luz de estudos recentes e de “surtos de infecções” documentados, a base de saúde pública para a vacinação obrigatória está cada vez mais frágil, mesmo para aqueles sem qualquer grau de imunidade natural.

Durante meus quatro anos como presidente do Senado para o Comitê de Saúde e Serviços Humanos do Maine, políticas de vacinação obrigatória nas escolas eram uma fonte regular de debates acalorados. Os argumentos para uma imposição robusta frequentemente se baseavam na necessidade de “imunidade coletiva” – o ponto em que uma pessoa transmite o vírus a uma ou menos pessoas devido à imunidade pré-existente na população.

Antes do advento da vacinação, a imunidade de rebanho dependia do desenvolvimento da imunidade natural por meio da ampla exposição a um vírus. Desde que a vacinação se tornou comum, muitos vírus que antes assolavam a sociedade agora estão virtualmente erradicados. Para manter a imunidade coletiva para as gerações subsequentes e prevenir o retorno de nossos antigos inimigos virais, a vacinação generalizada é amplamente considerada essencial. Com relação à vacinação contra a Covid, no entanto, esse não parece ser o caso.

De acordo com o Dr. Jay Bhattacharya, professor de Medicina que estuda Epidemiologia na Universidade de Stanford, estudos recentes indicam que as vacinas de mRNA produzidas pela Moderna e pela Pfizer não contribuem para a imunidade de rebanho.

Durante uma entrevista em setembro com Tom Woods, autor de best-seller do New York Times, Bhattacharya, um dos autores da Declaração de Grande Barrington, citou um estudo do Catar com descobertas importantes sobre a eficácia da vacina. Embora os indivíduos vacinados estivessem até 95% mais seguros contra a forma grave da doença 6 meses após a vacinação, a proteção contra a infecção e a transmissão era passageira. A imunidade começava a diminuir após 5 semanas. Após 20 semanas, os vacinados tinham a mesma probabilidade de se infectar e transmitir o vírus que os não vacinados.

Essa falha em conferir uma imunidade duradoura que proteja o público não nega os efeitos positivos demonstrados para o indivíduo. Battacharya elogia a vacina como “uma conquista maravilhosa” que “protegeu tantas pessoas dos efeitos graves da doença”. Ele atribui à vacina o auxílio em sua própria recuperação de uma infecção por Covid e a recomenda fortemente para outras pessoas, especialmente os “mais velhos e vulneráveis”.

“É melhor tomar as vacinas primeiro e depois pegar a doença do que o contrário”, diz ele.

Ao mesmo tempo, Bhattacharya conclui que, sem contribuir para a imunidade do rebanho, a vacinação contra a Covid é uma questão de saúde pessoal, não de saúde pública. Como os benefícios são principalmente para o indivíduo, e não para a sociedade, os oficiais do governo não têm maior autoridade moral para prescrever vacinação do que eles tem para prescrever quimioterapia. Essas são decisões que o indivíduo deve decidir em consulta com seu próprio médico.

Ao contrário das exigências pré-existentes nas escolas para vacinações tradicionais, os dados existentes minam as justificativas de imunidade de rebanho para exigências de vacinação universal contra a Covid. Além disso, essas exigências empurram muitos com robusta imunidade adquirida para fora do trabalho e da sociedade em detrimento da saúde pública, aumentando a probabilidade de transmissão para os mais vulneráveis.

A vacinação obrigatória contra Covid ultrapassa os limites da saúde pública, violando princípios ocidentais de longa data de autonomia corporal e direitos individuais. Na falta mesmo das externalidades positivas claras frequentemente usadas para justificar obrigatoriedades de vacinações passadas, essas leis precisam ser combatidas em todos os níveis de formulação de políticas.

Autor: Eric Brakey

Eric Brakey é o porta-voz sênior da Young Americans for Liberty. Como senador estadual de 2014 a 2018, Brakey atuou como presidente do Senado para o Comitê de Saúde e Serviços Humanos do Maine.

Tradutor: Daniel Peterson

Esse texto é uma tradução da matéria originalmente escrita por Eric Brakey em 8 de outubro de 2021 para a Foundation for Economic Education (FEE, “Fundação para Educação Econômica”).

O texto original, em inglês, publicado sob a licença CC BY 4.0, pode ser conferido em:

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